Conto: Monstro

“Seus sussurros baixos ‘me ame, me ame’

 Isso é tudo que eu peço ‘me ame, me ame’

Ele bateu seus pequenos punhos para sentir alguma coisa

Queria saber qual é a sensação de tocar e sentir algo.”

Monster - Meg & Dia

No meio da noite deitada em sua cama em um sono leve, Suzana escuta uma pequena pedra bater em sua janela. Ela se assusta de inicio, mas logo já imagina quem seja. Sai da sua cama e olha pela janela, observa o Adam subindo as escadas de emergência, ele fica parado na janela do quarto, mas Suzane não o deixou entrar.

- Eu disse para você não vir, tudo acabou entre nós. – ela sussurra para Adam.

- Eu te amo, nunca vou abandonar você. – ele disse um pouco alto demais, o que a fez ficar preocupada de os pais dela ouvirem, mas depois lembra que eles estão viajando.

- Você é um assassino, matou meu irmão, o mínimo que você pode fazer é se afastar de mim antes que eu conte a policia. – ela falou chorando e cuspindo as palavras com nojo.

- Foi há anos atrás, Suzane. Eu era apenas um garoto, você nem era nascida ainda, eu e ele tínhamos apenas cinco anos... – depois Adam sussurrou para si mesmo como se não fosse para Suzane ouvir – se não fosse aquele maldito diário que meu medico mandou escrever, você nem teria descoberto.

...

QuErIdO bOsTa De DiÁrIo.

mAs UmA vEz EsCrEvO, pOrQuE NãO tEnHo EsCoLhAs. Ou Eu ToMo ReMéDiO e Me CoMpOrTo CoMo UmA bAbAcA eScReVeNdO iSsO, oU vOlTo A sEr iNtErNaDo NaQuElA MaLdItA cLiNiCa. MaS a ViDa É tÃo HiLáRiA, qUe mE aPaIxOnEi PeLa IrMã Do GaRoTo QuE mAtEi AsFiXiAdO cOm TrAvEsSeIrO eM Um AcAmPaMeNtO nA mInHa CaSa, PoR rAiVa, ElE nÃo Me EmPrEsToU o BoNeCo HoMemM-aRaNhA dElE. e AgOrA sOu ChAmAdO dE lOuCo, MaS eLa NãO pOdE sAbEr, ElA nUnCa PoDe SaBeR. eA a AmO.

...

- Psiquiatra. – ela perdeu o controle, gritando tentou bater no rosto dele – VOCÊ É LOUCO!

- Eu melhorei, por favor... – ele diminuiu a voz, segurando os braços dela meio forte. – acredite em mim.

- Me largue, você está me machucando! – ela disse em meio a soluços e lagrimas tentando se soltar.

- Eu só quero apenas que você me ame. – ele larga os braços dela e senta na escada, ela vê que o Adam começa a chorar. Ela relaxa um pouco, olha para ele e por alguns segundos Suzane sente pena dele, até que o jovem de solavanco entra em sua casa, a empurra violentamente para cama e tenta beija-la. A garota começa a tentar gritar, mas ele tapa a boca dela com a mão direita. – Eu não queria fazer isso, eu juro... – Ele tira a arma da sua jaqueta de couro com a mão livre e aponta a arma para a cabeça da Suzane. – Mas ninguém pode saber. – Os olhos de Adam estão vermelhos do choro, sua mão que segura a arma começa a tremer. – NINGUÉM PODE SABER! – ele larga a arma e Suzane consegue se soltar, dá um chute na barriga do garoto. Ela corre desesperada, se tranca no banheiro. Adam vem logo atrás, começa a bater na porta.

- SUZANE, ABRE A PORTA! – ele grita e força a porta para abrir. Não tem como ela escapar, Adam consegue arrombar a porta, ela grita, mas sabe que é em vão.

- MONSTRO! – ela grita e cospe nele, olha para a mão esquerda dele, ele segura a arma bem firme dessa vez.

- Como eu deveria me sentir ao ser insultado dessa maneira? Fui chamado muito disso na minha infância. – Ele dá um sorriso triste, olha para arma, Suzane se encosta-se à parede, sem ter pra onde ir. – Quando eu disse que te amo, eu falei a verdade, e eu quero que você me ame. – Ela não responde, apenas chora. Adam destrava a arma, aponta o gatilho nela, Suzane fecha os olhos. - Adeus, Suzane. – Adam muda a direção da arma e coloca a mesma na própria boca.

Ele atira em si mesmo e cai morto aos pés de Suzane.