You're my favorite song


Por Alice Lemos...

Curvo minha cabeça sobre a mesa com a caneta na mão. Estou cansada. Minha tentativa de compor uma nova musica é totalmente frustrada. Já é a milésima vez que penso no que escrever, porem nos últimos dias só consegui me concentrar em uma pessoa. Deixo o caderno e a caneta de lado na mesa, pego minha bolsa com a chave do carro e saio. Não é a primeira vez que faço isso, mas sempre que chego perto da casa dela... eu simplesmente retorno por falta de coragem.

Aurora. Apenas um nome que me faz tremer só de ouvir, um nome com poder sobrenatural aos meus sentimentos. Mas ao mesmo tempo sei que esse tremor é algo ruim, pois estou ciente de que não devo estar perto dela... mas nada me faz esquecer dos 3 meses das férias de verão, nossas aventuras, nossos beijos, nossas juras de nunca abandonar uma a outra, do nosso primeiro encontro em uma festa de amigos em comum.

Ah, como eu sentia falta dos beijos daquela garota. Mas quase um ano se passou e aqui estou eu. Chego em frente ao apartamento da Aurora dando parabéns para mim mesma, por ter conseguido ir tão longe. Paro em frente a porta com receio: devo bater na porta ou não? Quando decido ir embora, a porta se abre.

- Rachel? – Ela diz confusa, estou de costa para ela e logo me viro – o que faz aqui? – A encaro e seus olhos dizem muitas coisas, ela não entendeu o porquê que depois de tanto tempo ignorando-a , não atendendo os seus telefonemas e nem respondendo suas mensagens, eu apareci do nada em sua casa.

- Entra, está frio aqui fora. – Ela diz ao ver minhas mãos tremendo e por conta do nosso silencio constrangedor. Eu entro. Sento no sofá. Sua casa não mudou nada desde o verão. Só percebi um novo quadro na parede... um quadro que eu pintei para ela.

- Rachel, você está calada – ela fala seguindo meus olhos para o quadro e percebo que ela cora. – Não respondeu minha pergunta. O que faz aqui?

- Como você sabia que tinha alguém na porta? – finalmente eu consigo dizer alguma coisa.

- Eu estava saindo – ela olha para suas roupas como se fosse obvio e riu, um sorriso lindo que me torturava a cada momento que eu lembrava dela durante noites em claro.  – agora responda minha pergunta.

- Eu... na verdade, eu não sei o que estou fazendo aqui... – falei tão baixo que seria provável que ela não tivesse me escutado.

- Não sabe? – Aurora disse meio desapontada, sentou ao meu lado levantando minha cabeça olhando diretamente para meus olhos – não tem nenhum motivo? – ela encosta sua testa na minha, senti sua respiração e logo percebi que prendia a minha.

- Não podemos, Aurora. – Levantei e me afastei dela passando meus dedos pelo meu cabelo e indo diretamente para a porta. – você sabe que não podemos. – torci para que ela me puxasse pela cintura, me abraçasse e dissesse que estava tudo bem, mas ela apenas fixou seu olhar para a janela, respirou profundamente, aparentemente segurando suas lagrimas.

- Na verdade, Rachel... eu nunca soube. – Ela levantou, olhou para mim e com sua falha de segurar suas lagrimas, gotas rolando pelo seu rosto. – Você não quer ficar comigo por vergonha de mim? Então para que você veio aqui, então? Para me tortura, quando finalmente depois de sofrer tanto por você, quando começo a tentar seguir a vida, você vem mexer na ferida que você deixou aqui em meu coração? – ela enxuga as próprias lagrimas e eu percebo que já estou chorando também.

- Aurora, você sabe que é errado. – uma dor forte atingiu meu coração ao ouvir essas palavras e dizer isso para ela. Ela disse que abandonaria tudo para ficar comigo, eu apenas neguei, fiquei com medo de não passar somente de uma aventura, fiquei com medo do preconceito que iríamos sofrer, fiquei com medo de querer ter filhos no futuro e não poder, fiquei com medo da minha família, dos julgamentos, e o pior de tudo, fiquei com medo de amar.

- Se você acreditasse nisso que falou agora, você não estaria aqui. Desde quando amar é errado? – ela suspirou e virou em minha direção. – eu te amo, Rachel, te amo com todo coração, mas não vou ficar te esperando para sempre.

- Eu também te amo, meu amor... Só que...

- Você se preocupa demais com o que as pessoas pensam ou falam. Não deixem essas pessoas, essas ideias, esse preconceito, essa opressão te afastar de mim. – ela se aproxima de mim, quase chorando novamente.

- Eu..eu não s.. – ela me interrompeu com um beijo, nossos lábios se tocaram de uma forma intensa, malmente eu respirava. Ela me beijou como se eu estivesse querendo fugir e de alguma forma querer me prender a ela. E ela conseguiu... um beijo como se eu estivesse caindo e ela estaria ali para me segurar.

Agarrei ela pela cintura, encostei ela na parede... nos encaramos cheias de ternura, afeto, amor, um amor puro, um amor verdadeiro.

- Fica comigo, Rachel... – ela olha no fundo dos meu olhos.

- Você vai embora daqui a alguns dias. – eu disse sussurrando.

- Eu fico aqui por você. – sorri e apenas a beijei, tentei mostrar naquele beijo todo amor que eu tinha guardado para ela, todo meu sentimento, querendo mostrar que era apenas dela.

- Eu quero, mas primeiro eu quero uma confirmação. – eu disse e dei um sorriso malicioso - Quer casar comigo? – olhei diretamente nos olhos castanhos dela.

- Sim, Sim, Claro que eu quero. – ela sorriu, me abraçou e voltamos a nos beijar. Meus lábios beijaram seu pescoço, e ela sussurra as palavras mais doces que já ouvi dela “eu te amo”. Percebi naquele momento que o amor ultrapassa barreiras, limites e preconceitos. O amor é mais forte que tudo, e quando é para acontecer, vai acontecer. Desejei naquele momento que aquela noite nunca terminasse, pois finalmente encontrei a minha letra, ou melhor, a minha canção, ela será eternamente minha canção favorita.

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