Archive for dezembro 2015

Estou de volta para a última resenha do ano! Dessa vez sobre uma série que deu o que falar na internet, o grande lançamento da Netflix: Jessica Jones. Como não li os quadrinhos, falarei puramente sobre a série.

Título original: Marvel's Jessica Jones

Criado por: Melissa Rosenberg

Elenco: Krysten Ritter, David Tennant, Mike Colter.

País: EUA

Gênero: Drama, Fantasia, Policial

Número de episódios: 13

Nota: 4.5/5

Sinopse: Desde que sua curta vida como super-heroína acabou de forma trágica, Jessica Jones (Krysten Ritter) vem reconstruindo sua carreira e passou a levar a vida como detetive particular no bairro de Hell's Kitchen, em Nova York, na sua própria agência de investigações, a Alias Investigations. Traumatizada por eventos anteriores de sua vida, ela sofre de Transtorno de Estresse Pós-Traumático, e tenta fazer com que seus super-poderes passem despercebidos pelos seus clientes. Mas, mesmo tentando fugir do passado, seus demônios particulares vão voltar a perseguí-la, na figura de Zebediah Kilgrave (David Tennant), um obsessivo vilão que fará de tudo para chamar a atenção de Jessica.

Depois da parceria com a Marvel que resultou no sucesso de Daredevil, em novembro a Netflix disponibilizou os 13 episódios de Jessica Jones, que tem como protagonista uma heroína que foge do habitual. Jessica é uma mulher forte, irônica e durona que leva a vida tentando ao máximo se livrar dos seus fantasmas do seu passado.

Jessica Jones me representa! \o/

Em um dos seus casos, Jessica percebe que há uma ligação entre o seu passado e uma garota desaparecida. Kilgrave. O vilão da estória. Ele tem o poder de controlar mentes, sendo responsável pelas cenas mais insanas possíveis, muitas delas nem consegui assistir... Pesado. O cara simplesmente sai por aí arruinando vidas em seu benefício próprio. Além de tudo, ele é egocêntrico e consegue passar por várias situações sem nenhum empecilho e usa a sua inteligência para o mal. Jessica foi uma vítima dele e o mesmo é obcecado por ela, usando pessoas para perseguí-la e tirar a sua paz.

Um ponto super positivo foi o Woman Power! Jessica enfrentou muitos adversários sozinha. As cenas de luta foram fantásticas. Ela foge completamente do padrão de comportamento feminino: flerta mesmo, faz sexo com quem e quando quer, bebe quando está afim, sendo então a imagem da mulher independente e decidida. As feministas agradecem. Não só ela, como a sua fiel amiga Patsy "Trish" Walker, que mesmo sem nenhum poder se arrisca para ajudá-la em todos os momentos. A sororidade entre as duas é extremamente forte.

Jessica vive um romance com Luke Cage, o homem da pele impermeável e também um futuro membro da equipe de heróis de Hell's Kitchen Os Defensores, juntamente com Daredevil e Iron Fist, que em breve ganhará uma série de 8 episódios.

A série aborda temas fortes como o aborto e o estupro - ambos ligados ao monstruoso Kilgrave - fazendo uma explícita crítica aos relacionamentos abusivos nos quais as mulheres são iludidas e ficam completamente à mercê dos seus parceiros; sofrem abuso físico e psicológico e na maioria das vezes tem medo de fazer a denúncia. Mais um ponto para Jessica Jones! Precisamos falar sobre abuso sim!

Por ser uma adaptação, obviamente mudanças ocorrem. "Killgrave" foi suavizado para "Kilgrave", sendo Kevin Thompson o seu verdadeiro nome na série. A melhor amiga da Jessica nos quadrinhos é a Carol Danvers, a Capitã Marvel, e não a Patsy Walker, que mais tarde se torna a Hellcat. Foi preservado o tom púrpura da pele e dos cabelos do Kilgrave dos quadrinhos nos pôsteres e na abertura da série.

Jessica Jones recebeu a nota 8,5/10 no IMDb. Para mais informações da série acesse a página clicando aqui.

Há muito tenho percebido pelas calçadas, em músicas, sets clínicos terapêuticos, encontros corriqueiros nos elevadores, e em tantos outros lugares possíveis, a perene narrativa de ter alguém ao lado. Numa dimensão mais etérea, não fomos ensinados a lidar única e exclusivamente com nossa própria companhia.

O ser humano, in fact, é um sujeito de relações, de interações. Mas desde quando o ideal de amor passou a ser ferramenta de mortes em séries? Antes, porém, um aspecto particular merece atenção: a construção do amor romântico. Aquele amor que te encontra na fila do pão enquanto você está despretensiosamente no aguardo do seu alimento matinal light- afinal, a dieta faz parte do processo de conquista e inscrição no mundo do amor romântico-, você acidentalmente cruza seu olhar com o da outra pessoa e **pluf**, ele(a) vai sorrir pra você, vai te convidar pra dar uma volta na praia, ou até mesmo um cinema, talvez um café.

Mas o que você não sabe- ou finge não saber é que eventos como esses são mais do que esporádicos, são idealizados num contexto muito específico de venda de romance- sim, o romance rende milhões( a dramaturgia que o diga)-, então, quando você se dá conta de que está by yourself, por sua conta, sem um convite para uma volta na praia, sem uma sessão boba de cinema, ou sequer um café, você se sente frustrado(a), sozinho(a), marginalizado(a), flopado(a). Então você decide que já chega, que não mais vale a pena existir- até mesmo porque viver não faz parte da sua rotina faz tempo, não é?-, mas algo lá no fundinho do seu miocárdio (muita pretensão chamar de coração a essa altura) lhe diz: “ ei, eu sei que estamos à sós, sei que está doendo pra caramba… as vezes a respiração falha, não é? Mas olha como sorrimos ontem, podemos tentar a sorte de sorrir logo mais, quem sabe…). e aí você consegue se reerguer, minimamente que seja- but it’s not enough yet.

De repente um pensamento dilacerante te assalta e faz pensar: “E se eu não conseguir alguém? E se eu não tiver um boyzinho na faculdade? E se…?” Honey, não deixa essa ilusão assassina do amor romântico utópico nublar suas outras paixões. Sim, você tem e pode ter várias outras paixões.

Mas quer que eu te puxe um pouco pra realidade? ( única maneira de superar os amores mal vividos). Vem cá, segura na minha mão, chega pertinho, olha pra mim e responde pra si mesmo(a): você é tão obcecado(a) em achar alguém que te ame porque você não consegue amar a si mesmo(a), não é?

O caminho clichê do amor próprio está te esperando pra fazer essa caminhada. Está disposto(a)? Because deeply I want you to do this, for real… for us. Don’t give up, just rest sometimes, but not too long. Actually, take your time, have a sit and put youself a coffee… while the love don’t comes.

Série: Jessica Jones

O amor como pêndulo entre a existência e a vida. Um sentimento ambivalente de angústia e prazer.