Conto: Fome


Olá!
Trago hoje um conto. Para iniciar os mês de terror e tal, e um conto que é meu estilo de escrita. Algo mórbido sem ser vulgar!
Espero que gostem... ^^



Ela roía a unha do dedo indicador.
Roía e cuspia a unha.
Roía e cuspia a cutícula.
A luz da TV iluminava seus óculos de descanso e a sala escura onde ela se encontrava. Apenas ela e a TV.
Suspirou.
A barriga roncou. Ela estava com fome fazia algum tempo. Algumas horas. Quando a barriga roncava era um sinal, e a deixava com um sorriso no rosto.
Parou de roer a unha, pegou o elástico que estava na mesa de centro e amarrou o cabelo loiro, grande e ondulado, em um coque alto na cabeça.
A barriga roncou novamente. Ela sorriu.
Levantou do sofá e foi para a cozinha. Parou em frente à geladeira e olhou fixamente para o grande objeto branco na sua frente. O coração estava acelerado. Foi em direção a ela, tocou no objeto frio. Balançou a cabeça. Deu às costas para a geladeira e subiu as escadas rumo ao quarto.
Tomou banho. Ficou o mais limpa possível.
Quando saiu do banheiro, se olhou no espelho. Estava em forma, magra e elegante, como sempre fora. Usava uma roupa leve.
Desceu as escadas. Entrou na cozinha e olhou para a geladeira. Abriu-a. A barriga roncou novamente. Procurou por algo, mas não encontrou o que queria. Pegou uma caixa de leite e colocou na bancada.
- Onde está a carne...? – disse consigo mesma.
Continuou a vasculhar. Não encontrou o que procurava.
Pegou um copo, encheu-o de leite e bebeu. Limpou o bigode, que se formou em seu rosto, com o dorso da mão.
Abriu uma das gavetas da cozinha e encontrou um cutelo. Colocou-o no bolso da calça, o cabo a mostra. Passou a mão no cabelo e foi em direção à porta do porão.
A barriga roncou e ela sorriu.
Abriu a porta e acendeu a luz. Desceu as escadas.
O porão não era grande, mas era alto. Estava praticamente vazio, havia apenas algumas caixas em um dos cantos. O local possuía um cheiro estranho, uma mistura de gente suja e suor. Embaixo da lâmpada havia três homens amarrados e sonolentos, estavam com roupas sujas e rasgadas.
- Mendigos de merda, acordem! – gritou ela.
 Os mendigos despertaram atordoados, sem saber onde estavam. Sonolentos.
- Acordem! – gritou novamente, dando um chute em um dos homens, que gemeu de dor. – Vamos ver quem será o primeiro... E acabar logo com isso.
Ela fechou os olhos e apontou a esmo para os três homens.
Abriu os olhos. Os homens choravam e gemiam, não conseguiam falar. Ela pegou o cutelo que estava em seu bolso e andou para perto do escolhido. Segurou-o pelo cabelo sujo e colocou a faca no pescoço do mendigo.
A barriga roncou. Ela salivava. Ela sorria.

- Vamos acabar com isso, estou com fome.

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